Depois de não ter aparecido na Sapucaí no seu primeiro carnaval como prefeito e de ter cortado pela metade a subvenção das escolas do Grupo Especial, o prefeito Marcelo Crivella comprou mais uma briga com o pessoal do samba. Resolveu criar um “blocódromo”, um espaço delimitado para que blocos se apresentem sem que cariocas e turistas possam correr atrás do trio elétrico. O projeto final foi divulgado ontem e a ideia, segundo a Riotur, é que os músicos subam ao palco da Arena Carnaval Rio, onde já funcionaram o Parque Olímpico e a Cidade do Rock, na Barra, para duas apresentações diárias, sempre gratuitas. A folia com hora e local marcados pode ser um alívio para quem mora perto dos locais de desfile e sofre com ruas sujas e barulho, mas não agradou às ligas representantes dos blocos, que temem o fim da espontaneidade do carnaval de rua.
A Riotur garante, por sua vez, que a intenção não é tirar a turma fantasiada das ruas, mas oferecer uma opção a mais de lazer, mais confortável, numa área com banheiros fixos e contêineres com bebidas e lanches.
Os representantes de blocos tradicionais dizem que não vão repreender os que optarem pela Arena, mas defendem que o perfil do carnaval de rua carioca é outro. Rita Fernandes, presidente da associação de blocos Sebastiana , afirma que “não acredita que o carnaval tenha que ficar confinado a qualquer tipo de arena”.
Na mesma linha, Rodrigo Rezende, presidente da Liga Amigos do Zé Pereira, diz temer uma possível segregação, “A gente tem muito medo de que a prefeitura queira segregar o carnaval de alguma forma.”
De acordo com a Riotur, os blocos não receberão cachês para se apresentar na Arena, cuja estrutura será custeada pela Riotur.